“Ser do FC Porto
era ser o que o FC Porto era: um clube a fechar-se dentro de uma região,
a olhar todo o resto de Portugal como um espaço de inimigos em delírio,
de mouros a abater. O Benfica dava-me a imagem oposta: a ilusão de um
universo sem limites”, começou Móia por dizer, considerando que se “o FC
Porto ganhou mais do que nós, não soube aprender a ganhar o que
ganhou.”
“Naquele tempo, ser Benfica era escolher
simbolicamente a liberdade. Enquanto os nossos adversários tinham a
dirigi-los homens da Legião, deputados da União Nacional, magnatas e
burocratas enfeudados no salazarismo, nós, no Benfica, tínhamos
presidentes que tinham sido operários e sindicalistas, que tinham sido
deportados e perseguidos pela PIDE, que não se resignavam à ditadura,
antes pelo contrário”
“Não, o Benfica nunca
foi o clube do regime, foi sempre o clube que o regime teve de suportar a
contragosto e de que, depois, se apoderou para, na sua propaganda, lhe
parasitar a glória.”
Carlos Móia - Presidente da Fundação Benfica