Mudando de cor Roberto melhora
SEGUNDO os repórteres de serviço, o público benfiquista que assistiu,
na Suíça, ao jogo de preparação com o Sion manifestou-se veementemente
contra a prestação do novo guarda-redes do Clube, o espanhol Roberto, e
reclamou, em coro, a presença de Moreira na baliza benfiquista. Aqui
está a reposição de um velho clássico das pré-temporadas da Luz.
Na época passada passou-se exactamente o mesmo com Quim que entrou
com tremeliques nos primeiros jogos, não tendo estado particularmente
brilhante nos torneios de Verão. 2009/2010 estava calhada para ser, bem
vistas as coisas, a época de Moreira se o mesmo Quim não tivesse actuado
a grande nível no jogo com o Milan, na Luz, para a Eusébio Cup,
defendendo uma série de grandes penalidades que permitiram ao Benfica
arrecadar o troféu.
Estarão, com certeza, recordados dos modos com que Quim festejou esse
seu triunfo pessoal no final do jogo com os italianos, virando-se para
as bancadas repletas de críticos impiedosos com gestos de quem os manda a
todos calar. Nessa noite de Agosto passado, no Estádio da Luz, Quim
esteve muito perto de fazer uns quantos merecidíssimos manguitos para a
assistência. Mas, enfim, conteve-se e foi o titular da equipa que se
haveria se sagrar campeã nacional no fim da temporada.
A reacção de Roberto aos dois golos que tão desajeitadamente sofreu
no jogo com o Sion vai ser, para já, um caso que os benfiquistas vão
seguir com grande paixão e sem ponta de piedade nas semanas que se
seguem até à abertura oficial da próxima época. E, entretanto, é de
esperar uma nova vaga de cânticos por Moreira que leva sobre toda a
concorrência, passada, presente e futura, a grande vantagem de raramente
jogar pelo que o registo histórico dos seus lapsos se dilui no tempo e,
por isso mesmo, é mais esquecível.
Se Roberto não mostrar, em campo, força anímica para superar a
péssima impressão da sua estreia, restará ao Benfica duas alternativas
drásticas:
1. Aceitar a proposta do Newcastle e vendê-lo
rapidamente encaixando proventos.
2. Mantê-lo no Benfica e mudar-lhe rapidamente a cor
do equipamento, totalmente verde, com que se vem apresentando na
baliza.
A segunda alternativa, na minha opinião, é a melhor e a que faz maior
sentido. Não vale a pena mudar de equipa, basta-lhe mudar de
equipamento…
Entretanto, a Espanha ganhou o Mundial com todo o mérito e justiça
batendo a Holanda por 1-0, hoje, na final. Gostei de ver o nosso Carlos
Marchena, já entradote, a receber a sua medalha. Marchena nunca foi
compreendido e estimado na Luz. Enfim, coisas que por vezes acontecem
aos melhores.
Segunda-Feira, 12 de Julho
RÚBEN MICAEL está encantado com André Villas Boas que é o seu actual
treinador. «Fazemos exercícios que nunca fizemos», regozijou-se perante
os jornalistas que acompanham o estágio do FC Porto.
Rúben Micael está tão encantado com o seu novo treinador que até nem
se importa nada ser deselegante com o seu antigo treinador. «Treinamos
com uma grande intensidade que é uma coisa a que não estávamos
habituados», continuou a regozijar-se.
Desde que chegou à sua nova casa, em Janeiro último, Rúben Micael tem
provado ser muito mais do que um bom jogador. Rúben Micael é,
sobretudo, um funcionário diligente, excessivo mesmo no seu zelo. Vai
longe este rapaz.
Entretanto, a selecção uruguaia teve uma recepção apoteótica em
Montevideu. Nem a derrota com a Alemanha, no jogo de atribuição do 3.º e
4.º lugares, esmoreceu os festejos por uma equipa que encantou pelo seu
espírito operário e pelas suas individualidades artísticas ao serviço
do colectivo. O duelo final com os alemães, não menos excelentes,
resultou num jogo de grande nível e de grandes emoções face às mudanças
na marcha do resultado.
Normalmente, em situações destas, qualquer adepto desinteressado o
que mais deseja é que o jogo chegue ao gim dos 90 minutos empatado para
se poder deliciar com mais meia hora de bom futebol. Não foi o meu caso.
Era fundamental que o Alemanha-Uruguai acabasse no fim do tempo
regulamentar, que houvesse um vencedor, fosse ele quem fosse. E, apesar
de toda a minha simpatia pelo Uruguai e pela figura amável do seu
treinador, Óscar Tabarez, um cavalheiro melancólico raríssimo de
encontrar em ambientes destes, confesso que foi uma alegria ver a
Alemanha a dar a volta final ao jogo e a cavalgar para a vitória.
Maxi Pereira precisa de férias, de descanço, e obrigá-lo a jogar mais
meia hora na África do Sul não era nada bom para os interesses do
Benfica. Maxi fez um Mundial ao nível da época que fez na Luz,
simplesmente impecável de qualidade e de entrega. E foi ele o único
autor de um golo benfiquista de bola corrida na África do Sul. E de pé
esquerdo. Viva Maxi Pereira!
Terça-Feira, 13 de Julho
Dito e feito. Hoje, no jogo com o Aris de Salónica, Roberto deixou no
balneário ou, porventura, no hotel aquele equipamento verde dos pés à
cabeça e apresentou-se equipado de negro da cabeça aos pés. Foi logo
outra coisa. O Benfica goleou por 4-1 os gregos e Roberto respondeu com
grande acerto sempre que foi chamado a intervir. Também é verdade que
não teve muito trabalho mas desembaraçou-se muito bem do pouco que teve.
Quarta-Feira, 14 de Julho
Leio na imprensa que James Rodriguez, o jovem colombiano que o FC
Porto assegurou neste defeso, está completamente adaptado ao Dragão.
James, apesar da sua extrema juventude, tem apenas 19 anos, chega a
Portugal dono e senhor de uma alcunha impressionantemente adulta: El
Bandido é como o chamavam e chamam no seu país natal. «Escolhi o FC
Porto porque me disseram que era o melhor», disse quando se juntou, pela
primeira vez, com os seus colegas de equipa. Escolheu muito bem o jovem
El Bandido. E já se sente em casa no seu novo clube.
1 comentário:
VACA!
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